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Secretaria Municipal de Saúde promove o 1º Fórum de Combate à Violência Contra Meninas e Mulheres

 

Participantes de diversos setores da sociedade estiveram presentes ao evento no Teatro Municipal

 

O 1º Fórum de Combate à Violência Contra Meninas e Mulheres de Pará de Minas reuniu autoridades do Poder Judiciário, Promotoria de Justiça, representantes da Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil, sociedade civil, instituições, entidades, profissionais das áreas da saúde e assistência, além de pessoas da comunidade. O evento foi realizado nesta sexta-feira (5), no Teatro Municipal Geraldina Campos de Almeida, e reuniu um grande público, de segmentos variados.

O objetivo do Fórum foi propor uma reflexão aprofundada sobre o tema, chamando a atenção da população, entidades e instituições para a importância da conscientização sobre as formas em que esse problema se apresenta e os canais de acolhimento para as vítimas. Patrícia Habkouk, (Promotora de Justica de Combate à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Belo Horizonte e Coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Combate a Violência Doméstica do Ministério Público de Minas Gerais) e Kiria Orlandi (Delegada Titular da Delegacia de Atendimento à Mulher de Diamantina e membro Fundadora da Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher do Alto do Jequitinhonha) participaram da mesa redonda intermediada por Andréa Moreira, Psicóloga e Mestre em Intervenções Psicossociais e Coordenadora da Associação de Promoção e Proteção dos Direitos da Mulher.

A promotora Patrícia Habkouk acredita que o evento foi uma boa oportunidade para refletir sobre as políticas públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres no Município, e o que deve ser feito para fortalecê-las. “Acho muito importante esta iniciativa. Somos um país muito violento para as mulheres, com a quinta posição no ranking mundial, dentre 83 listados. E Minas Gerais tem se destacado como um dos estados mais violentos para as mulheres, com o maior número de feminicídios do Brasil em 2021 e ficando em segundo lugar em 2022 e 2023. Além disso, Pará de Minas também tem altos números relacionados a esse tipo de violência. Portanto, trata-se de um tema que deve ser avaliado observando a realidade daqui”.

Para a Dra. Patrícia, um dos grandes desafios nesse enfrentamento é a naturalização da violência, principalmente nos relacionamentos. “Muitas mulheres estão em relacionamentos abusivos, sofrendo violência, mas não se dão conta disso. E, quando se dão conta, não conseguem reunir condições para romper com esse contexto. Em relação aos homens, precisamos quebrar essa cultura que naturaliza a violência por parte deles”.

Trabalhar em rede é fundamental para o sucesso no combate ao problema, segundo ela. “Quando uma mulher sofre violência, ela precisa da segurança pública e da justiça, mas precisa também da assistência social, da saúde, da educação… enfim, as respostas têm de ser integrais, por vários segmentos, e os serviços precisam estar alinhados para dar essas respostas”.

Apesar dos desafios, a Dra. Patrícia reconhece avanços alcançados nos últimos tempos. A própria realização do Fórum, com um grande engajamento das profissionais de Pará de Minas, que buscam alterar o cenário de violência na cidade, já é, para a ela, um sinal animador. “Estamos celebrando 18 anos da Lei Maria da Penha, que é um divisor de águas no ordenamento jurídico brasileiro, ao garantir às mulheres uma vida livre da violência. Além disso, vemos que a sociedade, como um todo, não tem tolerado a violência, basta abrir o noticiário e ver que há sempre uma rejeição muito grande à violência contra mulheres e meninas”.

A promotora fez questão ainda de afirmar que o Ministério Público de Minas Gerais está à disposição da população de Pará de Minas para aprimorar o sistema de proteção e resposta aos casos de violência contra a mulher. Ela deu um recado a todas as mulheres que se encontram nessa situação: “Não se sintam sozinhas. É preciso buscar apoio, seja em uma rede particular, com amigos e familiares, seja nos serviços disponíveis. É possível viver sem violência”, acrescentou.

Ana Carolina Campolina, Coordenadora de Vigilância Ambiental e do Núcleo de Promoção da Cultura da Paz, afirmou que trazer esta discussão, com a participação dos setores público e privado, era extremamente necessária. Segundo ela, a plateia ficou bastante envolvida com o tema e, ao mesmo tempo, impactada com os dados apresentados. “Podemos perceber que essas situações de violência realmente têm de ser divulgadas, porque as pessoas às vezes sabem que elas acontecem, mas não sabem a magnitude”.

Para Ana Carolina, o Fórum é um grande passo para reunir as equipes envolvidas no trato às situações de violência contra a mulher no Município, permitindo estreitar as relações e discutir de maneira mais efetiva o problema. “Temos de trabalhar em prol do bem comum, e não ficar cada um em seu setor, tentando ‘fazer verão’ sozinho. Vamos conseguir dar passos mais largos a partir de agora”.

Ao final do Fórum, os participantes apresentaram suas dúvidas sobre o tema e foram respondidos pelos palestrantes. Segundo a Coordenadora de Vigilância Ambiental e do Núcleo de Promoção da Cultura da Paz, posteriormente todos farão sugestões, para que seja elaborado um documento oficial reunindo todas as propostas discutidas no evento. “Esse relatório será encaminhado pela Secretaria Municipal de Saúde ao Prefeito e aos conselhos municipais. A partir daí, começaremos a organizar planos de ação relacionados ao que foi proposto, de forma ordenada e intersetorial”.

Por possuir recursos destinados a esse tipo de política pública, a intenção da Secretaria Municipal de Saúde, de acordo com Ana Carolina, é encabeçar as ações estabelecidas pelo relatório. “Ficou muito claro hoje que o impacto da violência na saúde das mulheres é enorme. Como a Vigilância precisa trabalhar com promoção e prevenção, e nós temos recursos para isso, vamos começar a colocar em prática essas ações, com o apoio de outras secretarias e órgãos”, completou.

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